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TERRORISTAS BOLSONARISTAS DAS REDES SOCIAIS ESTIMULARAM DEPREDAÇÃO EM BRASÍLIA (POR MILTON POMAR)

Os fatos ocorridos em Brasília têm que servir como divisor de águas na postura em relação aos terroristas bolsonaristas de extrema-direita

foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Impactantes e inacreditáveis as cenas de depredação dos prédios públicos invadidos, tão inacreditáveis como a falta de ação da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal, no enfrentamento dos terroristas. Quem quiser comparar a diferença de comportamento, é só buscar na memória ações recentes das PMs em vários estados, sempre atirando e espancando a população.

Cadê a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e o GSI (Grupo de Segurança Institucional)? Cadê os serviços reservados (P2) das polícias militares (PMs) e os serviços secretos das Forças Armadas e da Polícia Federal? Quantos muitos bilhões de reais custam por mês esses serviços especializados de inteligência do Estado brasileiro?

Omissão de autoridade pública é cumplicidade, em situação de extrema gravidade como o da gigantesca ação realizada pelos terroristas bolsonaristas em Brasília, na tarde de 8 de janeiro, invadindo e depredando os prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto. Cumplicidade pura e simples – e não simplesmente conivência ou incompetência –da PM do Distrito Federal e dos órgãos de inteligência federais e dos estados de onde saíram os ônibus dos terroristas.

Os fatos ocorridos em Brasília nesse dia 8 têm que servir como divisor de águas, na postura dos democratas em relação aos terroristas bolsonaristas de extrema-direita (profissionais liberais, empresários, políticos, militares, policiais e “gado”), e não apenas aos milhares que foram “às vias de fato” na tarde de domingo – por sinal, faltará espaço nas prisões para tanta gente, que precisa ser presa preventivamente até o seu julgamento.

Alertamos em outubro de 2022 para a possibilidade de atos violentos pela extrema-direita, para golpear a democracia e tomar o poder, a exemplo do que fizeram os nazistas na Alemanha, entre 1932 e 1934. E a facilidade com que os três prédios foram invadidos, atestando a sua fragilidade e a total insegurança dos “Três Poderes”, lembra a avaliação de um dos líderes bolsonaristas, sobre bastar um cabo e um soldado para ocupar o STF.

Tudo o que aconteceu em Brasília foi “martelado” quase que diariamente pelo ex-presidente da República, através das redes sociais e da mídia, com seus ataques verbais ao Congresso e ao STF, TSE, e ministros desses tribunais superiores. Portanto, ele é o principal responsável pelo ocorrido, porque estimulou o surgimento e o crescimento exponencial do ódio às instituições do Estado brasileiro entre milhões de pessoas no País. Mas ele não é o único. Todos os integrantes da “linha de frente” da extrema-direita bolsonarista têm responsabilidade direta em tudo o que ocorreu nos últimos dias (ataque ao prédio da Polícia Federal, ônibus incendiados, bomba em caminhão-tanque), até a “apoteose” dia 8 à tarde.

Temos agora a questão decisiva para a sobrevivência da frágil democracia brasileira: prender, julgar e, se for o caso, condenar (inclusive, se for o caso, cassando mandatos) os terroristas das redes sociais e das depredações, ou deixar que sigam impunes, como ocorreu com os terroristas da ditadura militar, responsáveis por tortura, assassinatos e desaparecimentos.

(*) Geógrafo, mestre em Políticas Públicas, 64 anos

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fonte: sul21.com.br