ENCONTRO NA CIDADE BAIXA INDICA CONVERSAS ENTRE PSOL E PT PARA ‘DESBOLSONARIZAR’ PORTO ALEGRE

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ENCONTRO NA CIDADE BAIXA INDICA CONVERSAS ENTRE PSOL E PT PARA ‘DESBOLSONARIZAR’ PORTO ALEGRE

Encontro entre Robaina, Ruas e Pretto deu pontapé inicial para manutenção da unidade conquistada na disputa pelo governo do RS

foto: Cristiano Ponte/Divulgação

Um encontro em um café na Rua da República, bairro Cidade Baixa, deu a largada nesta segunda-feira (23) às conversas visando a composição de uma aliança de esquerda para a disputa pela Prefeitura de Porto Alegre. Proposta pelos vereadores Pedro Ruas e Roberto Robaina, ambos do PSOL, e com a participação do deputado estadual em fim de mandato e futuro presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto (PT), a conversa teve o objetivo de colocar na rua o bloco de uma possível chapa encabeçada pelos partidos para a sucessão do prefeito Sebastião Melo (MDB).

Ainda em caráter preliminar, o encontro teve uma sinalização ao eleitorado: a necessidade de “desbolsonarizar” Porto Alegre. A mensagem é uma alusão ao fato de Melo ter apoiado o ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como seu candidato ao governo do Estado em 2022, Onyx Lorenzoni, e ter entre seus aliados fervorosos bolsonaristas.

“O objetivo desse encontro foi começar a pensar a necessidade de pensar um movimento democrático que envolva muita gente na cidade, que envolva forças políticas que queiram ‘desbolsonarizar’ Porto Alegre. Afinal de contas, o Melo, aplicando o programa do Marchezan, fez um acordo com a direita e assumiu a extrema-direita ao defender o Onyx e o Bolsonaro. Porto Alegre não pode ser governada por um projeto desses”, diz Robaina.

A conversa tem como ponto de partida o bom desempenho da chapa Edegar Pretto e Pedro Ruas para o governo do Rio Grande do Sul em 2022, especialmente na Capital. Apesar de ficarem de fora do segundo turno — por apenas 2.441 votos –, Edegar e Ruas somaram 258 mil votos no primeiro turno entre os portoalegrenses, votação numericamente superior à obtida por Melo, 200 mil votos) e Manuela D’Ávila (PCdoB), 187 mil, no primeiro turno da eleição municipal de 2020. O governador Eduardo Leite (PSDB) venceu na Capital no primeiro turno, mas também por margem apertada — 4,7 mil votos a mais que Edegar.

Ruas avalia que a manutenção da unidade construída para a campanha para governador é fundamental para a esquerda voltar a governar Porto Alegre pela primeira vez desde 2004, quando João Verle (PT) foi sucedido por José Fogaça (PPS, depois PMDB).

“É muito importante para nós mantermos essa união, pois teremos chance de fazer um debate mais aprofundado na nossa cidade, mostrando que a Capital está sendo governada pela extrema direita, privatista e sem qualquer compromisso com a maioria da população”, diz Ruas. “Não fechamos acordos, ainda, mas tenho confiança de que em 2024, com unidade, e com o Lula na Presidência, nós retomaremos a Prefeitura e estaremos sinalizando e servindo de modelo para muitos municípios”, complementa.

Na conversa, foram levantadas as possibilidades de algumas chapas, como Pedro Ruas candidato a prefeito e o PT indicando algum nome para vice, ou Luciana Genro como vice de uma chapa encabeçada por Olívio Dutra ou por Edegar.

Da parte do petista, o posicionamento é de que a conversa ainda é preliminar e que qualquer negociação eleitoral necessariamente passará por outras esferas do PT. Inegável, contudo, é a relação de proximidade de Edegar com Ruas, acentuada durante a campanha de 2022.

Pretto também saudou a importância da aliança inaugurada com o PSOL e a possibilidade de continuidade da frente que compôs a chapa ao governo em 2022. “Vamos trabalhar para manter e ampliar a relação com todos os demais partidos progressistas, ajudar o presidente Lula a governar, desbolsonarizar Porto Alegre, e logo adiante integrar o RS ao projeto nacional. Para além da unidade partidária, é importante também buscarmos setores progressistas para estarem conosco nesta construção. Este é o desafio dos partidos”, diz.

Já Robaina, que confirma a discussão de algumas possibilidades de fórmulas para a chapa, frisa que o movimento democrático a ser criado deverá incluir outras forças, o que fará surgir outros nomes e outras composições de chapas a partir da consolidação da proposta.

Ruas destaca ainda que há elementos de afinidade programática que podem pautar uma eventual aliança. “A frota de transporte público foi reduzida em 40%, o que teria ocorrido por causa da pandemia. Mas agora que a situação está praticamente normalizada, esse problema gravíssimo continua. As pessoas estão sem transporte coletivo, precisam caminhar muito em busca de uma linha para poderem se deslocar aos seus compromissos”, diz Ruas.

Outro problema apontado por Ruas é o que ele considera uma falta de atenção à fome e à miséria por parte da gestão Melo. O vereador diz que, em 2020, a Prefeitura de Porto Alegre distribuía 10 mil cestas básicas e, atualmente, somente 6 mil. “E a fome, a necessidade continuam”, diz.

O encontro do trio parece, de fato, já ter dado o pontapé inicial para as discussões sobre alianças para as eleições de 2024. Nesta terça (24), a candidata da esquerda no segundo turno em 2020, Manuela D’Ávila, fez uma série de postagens defendendo a realização de prévias para a disputa pela Prefeitura.

Manuela, ao menos nas postagens, não indicou seu nome para participar das discussões a respeito da chapa, mas defendeu que sejam considerados, por exemplos, os vereadores que compõem a chamada bancada negra da Câmara de Vereadores, quatro dos quais estão de saída para assumirem cadeiras na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa do RS.

fonte: sul21.com.br