MARIA LUIZA BENITEZ, A QUINTA MULHER PATRONA DOS FESTEJOS FARROUPILHAS.

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MARIA LUIZA BENITEZ, A QUINTA MULHER PATRONA DOS FESTEJOS FARROUPILHAS.

Dona de uma voz potente, Maria Luiza Benitez não se faz ouvir apenas pelo seu canto. Sua trajetória também tem muito a dizer. Intérprete da música latino-americana, consagrada nos Festivais do Rio Grande do Sul, foi uma das precursoras do Movimento Nativista. Soma mais de 50 anos de carreira.

Maria Luiza, mais conhecida como Malu, tem 71 anos. Neta de argentinos e filha de uruguaios, nasceu em Bagé.

A patrona dos Festejos Farroupilhas 2023 é formada em Direito e em História, com especialização em História do RS. É cantora, compositora, atriz, mestre de cerimônias, radialista e apresentadora de TV. Em 2008, foi agraciada com o troféu “Mulher Farroupilha”, instituído pelo governo do Estado por sua contribuição, através da música, para a arte e a cultura do RS. Em 2010, recebeu a medalha do “Mérito Farroupilha” – honraria máxima concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. No currículo, três edições do “Prêmio Press”, como locutora e apresentadora de notícias do ano.

Atualmente, concilia a agenda de shows com a rotina diária de locutora e apresentadora na Rádio Guaíba. Uma vez por semana, comanda o programa Fronteira Aberta, no estúdio do POA Streaming, no Shopping Total. À frente dos microfones também desenvolve um trabalho social, com a realização de campanhas, que informalmente ela chama de “Rede do Bem”. Em família, está entre dois Júlios – o marido, com quem é casada há 43 anos, e o filho, que tem 41.

ABAIXO, DISCURDO DA COLEGA RADIALISTA MARIA LUIZA BENITEZ

“SENHORAS E SENHORES

Cumpre-me aqui, expressar meu agradecimento pela honraria que me distinguem, ao me fazerem Patrona, de tão significativo Evento da nossa cultura regional. Entretanto, minha formação acadêmica me faz revisitar páginas da história gaúcha, as quais não podem ser melhor modelo nesta hora. Por raro e pertinente, destaco o momento de 23 quando o líder maragato Gal. Honório Lemos, frente ao seu opositor Gal Flores da Cunha, lhe entregou o revólver em gesto de rendição na batalha. A resposta do vencedor veio súbita e eloquente: – “Não quero sua arma, general. Não se tira o revólver de um general gaúcho”, 

Não há como mascarar ou esquecer tamanha grandeza humana. Não haverá jamais como não tomar de exemplo fatos assim, que nos elevam ao mais alto da condição humana e ao melhor dos orgulhos já que se trata de fato gravado em páginas da nossa intimidade sócio cultural rio-grandense. 

Tenho certeza, que tais exemplos galvanizam a certeza maior. A que anulará a todas as iniquidades que infelizmente nos acometem, como ocorre com todos as sociedades, povos, todo o sempre. A injustiça social, a exclusão pela cor, credo, posse ou bandeira.

Muito me orgulha em estar entre as cinco mulheres que foram eleitas antes – desde 2005 para representar os festejos. Nilza Lessa (2012), Elma Sant’Anna (2017), Alessandra Motta (2020) e Liliana Cardoso (2021).

Fico feliz de o MTG já ter tido a primeira mulher como presidente (Gilda Galeazzi) e hoje mais uma figura feminina – a alegretense Ilva Gouart está à frente dos MTG, e de os Festejos Farroupilhas já terem tido uma mulher negra como patrona (Liliana Cardoso).

Ser gaúcho é um sentimento que ultrapassa o fato de ter nascido em uma delimitação geográfica e se estende ao modo de como se vive a vida e a relação de respeito com a natureza. O gaúcho na essência, vive na harmonia entre cultura, costumes e tradições, em que de pai para filho, são perpetuados no tempo

Gestos simples como tomar chimarrão, cantar o hino rio-grandense com o mesmo  orgulho que entoamos  o hino nacional, calçar botas, usar bombacha, chapéu e lenço, ir num rodeio crioulo ver tiro de laço e gineteada, ou jogar o truco gaudério, mantém a tradição gaúcha mais viva do que nunca principalmente quando chega a nossa tradicional Semana Farroupilha onde nos encontramos gaúchos  e gaúchas de todas as querências no Parque da Harmonia.

O tema Centenário da Revolução de 1923 é a marca do evento, mas nossa secretária de cultura adjunta Gabriela Meindrad trouxe questionamentos importantíssimos: as pessoas invisibilizadas da Revolução.

Os povos originários que estão aqui a mais de dois mil anos, Guarani e Kaingang. 

Em relação aos negros, a falta de protagonismo nos livros de história, nos nomes de ruas e monumentos espalhados por Porto Alegre e outras cidades do Estado vai de encontro à realidade dos fatos, já que mesmo negada, a presença negra na história do Rio Grande do Sul é muito forte e foi fundamental para que o Estado chegasse a ser um dos mais importantes do país ainda no tempo do Império.

As mulheres e eu fui uma delas que nunca me calei e lutei sempre pelo nosso espaço dentro principalmente da música do RGS estão aí sendo reconhecidas e derrubando barreiras  assim como a diversidade que encontramos nos centros de tradições, nos palcos, na política enfim, afirmando que nós gaúchos sim somos universalistas.

Ser gaúcho é uma verdadeira dádiva, viver nesta terra de muita História, e de guerreiros por natureza não tem coisa igual. É a coisa mais linda que existe. E é por tudo isso que devemos manter acessa essa chama gaúcha para sempre. Jamais, jamais deixemos morrer o tradicionalismo e as raízes do nosso Rio Grande do Sul.

E concluindo e lembrando mais uma vez a cena ocorrida no cinquentenário da revolução de 1923 tema dos Festejos Farroupilhas deste ano, quando dois gaúchos ficaram frente a frente e como irmãos se pronunciaram um disse:

EU SOU CHIMANGO

O outro: EU SOU MARAGATO

ENTÃO JUNTANDO OS DOIS LENÇOS, DISSERAM AO MESMO TEMPO

NÓS SOMOS O RIO GRANDE DO SUL!!!

PASSOU A HISTÓRIA, MAS A LUTA, É DIFERENTE E CONTINUA COMO LIÇÃO. 

GUARDEMOS AS ESPADAS E EMPUNHEM-SE ESPÍRITOS DESARMADOS!  MUITO GRATA”

fontes: cultura.rs.gov.br

               mtg.org.br