CLÃ BOLSONARO ATACOU IMPRENSA 801 VEZES NO TWITTER EM 16 MESES, APONTA ESTUDO DA ABRAJI

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CLÃ BOLSONARO ATACOU IMPRENSA 801 VEZES NO TWITTER EM 16 MESES, APONTA ESTUDO DA ABRAJI

Abraji analisou 14.918 postagens e repostagens feitas por Bolsonaro e seus três filhos com cargos políticos entre 1º de janeiro de 2021 e 5 de maio de 2022

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nesta terça-feira (12) os resultados de uma análise da atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus filhos com cargo eletivo no Twitter entre os dias 1º de janeiro de 2021 e 5 de maio de 2022. Segundo o estudo, o clã Bolsonaro tuitou ou retuitou 14.918 vezes no período e, destas, 801 foram atacando a imprensa.

A Abraji aponta que ataques, críticas e tentativas de descredibilização foram encontrados em 73% dos tuites em que os membros da família Bolsonaro mencionaram jornais, jornalistas ou a imprensa de modo geral. Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, foi o integrante do clã que mais fez postagens de ataque à imprensa, somando 351 publicações, respostas e compartilhamentos hostis — 86,9% das vezes que comentou sobre a mídia e seus profissionais dentro do período analisado. O deputado federal Eduardo fez 340 ataques (66,6% de seus tuites sobre imprensa) e o senador Flávio, com 76 (62,8%). Já o presidente fez 34 publicações consideradas como ataques, o que representa 54,8% das postagens e repostagens que citam veículos de imprensa ou jornalistas.

A análise enquadrou 74,6% dos casos registrados em 2021 e 64,5% dos episódios identificados até 5 de maio deste ano como discursos estigmatizantes e campanhas sistemáticas de intimidação. Além disso, aponta que 62,5% do total de alertas de ataques sofridos por jornalistas em 2021 e 60,1% dos casos de 2022 tiveram origem ou repercussão na internet.

Um dos exemplos destacados pelo estudo da Abraji é uma postagem de Eduardo Bolsonaro de abril de 2022 em que ele debochou da prisão e da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar brasileira. Na ocasião, Eduardo respondeu a uma publicação em que a jornalista classifica Bolsonaro como inimigo da democracia com os dizeres: “Ainda com pena da [e acrescentou um emoji de cobra]”. Miriam Leitão, sozinha, já foi alvo de cinco ataques diferentes do clã somente neste ano.

O levantamento indica que a família Bolsonaro lidera uma rede de ataques que envolve outros atores políticos, influenciadores e apoiadores do presidente. Segundo a Abraji, atores políticos instigam a hostilização e os seguidores amplificam.

Resumo dos dados
O levantamento da Abraji identificou que o clã Bolsonaro fez 1.097 tuites ou repostagens entre janeiro de 2021 e 5 de maio de 2022 com os termos “jornal”, “jornalismo”, “jornalista”, “jornazista”, “imprensa”, “mídia”, “blog”, “blogueiro(a)”, “notícia” e “matéria”, o que representa 7,3% das 14.918 publicações no período.

Desses 1.097 tuites analisados, 801 (73%) foram considerados ataques. Eduardo Bolsonaro fez 6.508 tuites no período, dos quais 510 são sobre a imprensa (7,8%) e 340 foram considerados ataques (6% dos tuites sobre a imprensa. Carlos fez 3.663 tuites, dos quais 404 sobre a imprensa (11%) e 351 ataques (86,9% das postagens sobre o tema). Flávio fez 1.922 tuites, sendo 121 sobre a imprensa (6,3%) e 76 ataques (62,8%). E o presidente Bolsonaro fez 2.825 tuites, dos quais 62 sobre a imprensa (2,2%) e 34 ataques (54,8%).

O tuite com maior repercussão foi uma publicação do dia 28 de fevereiro deste ano, em que o presidente Bolsonaro nega ter conversado com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. “Não procede a informação que eu teria falado com o Presidente Putin no dia de ontem. Conversei com ele apenas por ocasião da minha visita à Rússia em 16 de fevereiro. A imprensa se supera nas fakenews a cada dia passado”, escreveu.

No dia 27, Bolsonaro disse que havia conversado “há pouco” com Putin, o que foi interpretado por alguns veículos da imprensa como se a conversa tivesse ocorrido naquele dia.

fonte: sul21.com.br